A teologia da prosperidade é uma crença que ganhou bastante força, especialmente entre os evangélicos no final do século XX. Ela prega que, se você tem fé, Deus vai te abençoar com riqueza, saúde e sucesso. Muitos líderes e igrejas hoje em dia defendem isso, mas será que essa visão está de acordo com o que a Bíblia realmente ensina sobre a fé cristã? Neste texto, vamos dar uma olhada em como essa teologia tem mudado a maneira como muitas pessoas entendem a mensagem de Cristo.
A principal ideia da teologia da prosperidade é que, se você crer de verdade, Deus vai te dar bens materiais como sinal da sua bênção. Versículos como Filipenses 4:19 ("O meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus") e 3 João 1:2 ("Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma") são usados para justificar essa ideia. O problema aqui é que a Bíblia não vê a prosperidade material como o objetivo final da vida cristã.
Na verdade, a Bíblia alerta bastante sobre o perigo do amor ao dinheiro. Em 1 Timóteo 6:10, Paulo fala claramente: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males". Já em Mateus 6:24, Jesus diz que "ninguém pode servir a dois senhores", ou seja, não dá para viver para Deus e para o dinheiro ao mesmo tempo. A mensagem de Jesus sempre foi de desapego material, como vemos em Mateus 6:19-21, onde Ele ensina: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem."
Ao contrário do que prega a teologia da prosperidade, a verdadeira mensagem de Cristo está centrada no sacrifício, na humildade e no sofrimento. Jesus, mesmo sendo Filho de Deus, não veio ao mundo para viver no luxo. Em Mateus 8:20, Ele afirma: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça". Ou seja, a vida cristã não é sobre riquezas, mas sobre estar disposto a seguir a vontade de Deus, que muitas vezes envolve sofrimento.
Em Lucas 9:23, Jesus deixa claro o que significa segui-Lo: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me." Aqui, Ele nos lembra que, para segui-Lo, é necessário abrir mão de si mesmo e até mesmo passar por dificuldades. Em João 15:20, Ele diz que, assim como Ele foi perseguido, também seremos. Isso está bem distante da ideia de que, se tivermos fé, nossas vidas serão apenas sucesso e riquezas.
O problema da teologia da prosperidade é que ela cria expectativas irrealistas. Muitas pessoas acreditam que, se não são ricas ou saudáveis, é porque não têm fé suficiente. Isso pode causar frustração e culpa, principalmente entre aqueles que já enfrentam dificuldades financeiras ou de saúde. A verdade é que o evangelho cristão não promete riqueza material, mas sim um relacionamento profundo com Deus, independentemente das circunstâncias.
Como Paulo diz em Filipenses 3:8, ele considera tudo como perda, "por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor". Ou seja, a verdadeira riqueza no cristianismo não está no que temos, mas na nossa fé e no nosso relacionamento com Cristo.
A teologia da prosperidade mudou a maneira como muitas pessoas veem a fé cristã. Em vez de ensinar humildade, sacrifício e serviço a Deus, ela foca em alcançar riquezas e sucesso. Mas o verdadeiro evangelho de Cristo é sobre buscar o Reino de Deus e viver de acordo com a Sua vontade, não sobre acumular bens materiais.
A verdadeira prosperidade, segundo a Bíblia, não é sobre ter muito dinheiro, mas sobre confiar em Deus, obedecer à Sua vontade e viver de maneira que O honre, independentemente do que possamos ter ou não. Como Jesus nos ensina em Mateus 6:33, "Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas."